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Lampejo I

Permacultura é um sistema de planejamento para a criação de ambientes humanos sustentáveis e produtivos em equilíbrio e harmonia com a natureza. Surgiu da expressão em inglês “Permanent Agriculture” criada por Bill Mollison e David Holmgren na década de 1970. Hoje propõe uma “cultura permanente”, ou seja uma cultura que visa a nossa permanência neste planeta em harmonia com a natureza. A permacultura possui três princípios éticos e alguns princípios de planejamento que são baseados na observação da ecologia e da forma sustentável de interação, produção e de vida das populações tradicionais com a natureza, sempre trabalhando a favor dela e nunca contra. Os Princípios Éticos   Cuidar da terra   Cuidas das pessoas   Cuidar do futuro Os permacultores trabalham o viver através dos seus princípios que são uma aplicação prática da ecologia. Todo permacultor tem função de criar solo e armazenar água: que são a base da vida como conhecemos. Princípios de planejamento Em seguida

Marginalização XII

Summer 77 Atarantado pelos automóveis, meus olhos são varados pelo neon,  degusto minhas doses de cinismo nos balcões molhados pelo vácuo.  As mariconas fustigam meu corpo com olhares sórdidos,  cada olhar fere fundo e cria crostas que se endurecem:  até a noite acabar esses olhares superpostos me tornaram imune.  Avenida São Luíz e seus anjos turvos, supermaketing de pupilas frenéticas,  sob as árvores o poder acaricia e intumesce caralhos languidos.  Há pelos corpos em fila uma náusea imprecisa, eu vejo uma sinfonia de  cusparadas e aprendo acordes sombrios com os quais devo ornar  minhas pernas metidas num blue jeans rasgado.  Meu camarada uns passos à frente negocia sua boca de estátua grega  perfumada por conhaque e baforadas com um pederasta untuoso  que pilota uma reluzente máquina.  Nos viemos do subúrbio numa progressão eufórica, bebemos  várias cachaças & nossos corações acossados pela média preferem  a autocorrosão, mas é assim que

Marginalização XI

Mudar os hábitos para tentar salvar o planeta é “uma bobagem”, na opinião de um dos mais conceituados especialistas em meio ambiente no mundo, o britânico James Lovelock, para quem a Terra, se for salva, será salva por ela mesma. “Tentar salvar o planeta é bobagem, porque não podemos fazer isso. Se for salva, a Terra vai se salvar sozinha, que é o que sempre fez. A coisa mais sensível a se fazer é aproveitar a vida enquanto podemos”, afirmou Lovelock em entrevista à BBC. O cientista de 90 anos é autor da Teoria de Gaia, que considera o planeta como um superorganismo, no qual todas as reações químicas, físicas e biológicas estão interligadas e não podem ser analisadas separadamente. Considerado um dos “mentores” do movimento ambientalista em todo o mundo a partir dos anos 1970, Lovelock é também autor de ideias polêmicas como a defesa do uso da energia nuclear como forma de restringir as emissões de carbono na atmosfera e combater as mudanças climáticas. Gatilho Para Lovelock, a humanid

Marginalização X

Existe uma coisa curiosa neste mundo moderno. Estamos em meio a tanta informação que essa quantidade exagerada e sem um controle para adquiri-los, faz com que se crie um ser humano codificado com um tipo de conhecimento digno de ser estúpido. A grande massa de informações, que vem como tiro por todos os lados dos seus sentidos, acentuando a isso uma grande quantidade de resposta que ele é obrigado a dá, mais um tanto outro de perguntas para suas ações diárias que, não se admira que esse homem não passa de um compilador sem inteligência. Não há tempo hábil para que esse homem reflita sobre o que ele consome, esse alimento lhe chega a boca e nem chega a ser degustado. Logo ele apenas vomita o que acabou de engolir. Não há neste mundo homens de verdade? Seres pensantes? Será que todos eles se esconderam em mascaras e atrás da gaia ciência aplicada? Onde podemos encontrar os filósofos de outrora? Viveremos décadas diante deste silencia intelectual? Acredito que eles estarão embebedando-se

Marginalização IX

O homem é um animal irracional, exatamente como os outros. A única diferença é que os outros são animais irracionais simples, o homem é um animal irracional complexo. É esta a conclusão que nos leva a psicologia científica, no seu estado atual de desenvolvimento. O subconsciente, inconsciente, é que dirige e impera, no homem como no animal. A consciência, a razão, o raciocínio são meros espelhos. O homem tem apenas um espelho mais polido que os animais que lhe são inferiores. Sendo assim, toda a vida social procede de irracionalismos vários, sendo absolutamente impossível (exceto no cérebro dos loucos e dos idiotas) a idéia de uma sociedade racionalmente organizada, ou justiceiramente organizada, ou, até, bem organizada. A única coisa superior que o homem pode conseguir é um disfarce do instinto, ou seja o domínio do instinto por meio de instinto reputado superior. Esse instinto é o instinto estético. Toda a verdadeira política e toda a verdadeira vida social superior é uma simples que

Marginalização VIII

A ilusão de esperança e renovação a cada entrada de um novo ano não me ajuda muito em minhas desilusões. Continuo, e nem sei o por que continuo, vivendo dentro da minha agonia e tristeza. Estive, é fato, sempre a margem de alguma coisa que, por não ter encontrado, não sei bem do que se trata, mas parece que esse algo está ali, do lado, do meu lado e eu não consigo entender. Estou sempre a mercê da vida pura e simples que insiste em me empurrar para longe de qualquer coisa. Mas esses são meus últimos dos piores dias da minha vida, sem levar em conta a pura e simples indedicação prestada aos outros. AUTOR: JB

Marginalização VII

Ando pelo mundo e não consigo deixar de ter a impressão de que sou um peixe fora d água. Vejo todas essas pessoas andando para cima e para baixo, buscando, querendo, sonhando e esperando coisas que não me motiva. Vejo todas essas pessoas que parecem saber exatamente o que são e o que querem, e eu, totalmente apático, sem graça, sem rumo, sem esperança na minha e na vida das outras pessoas. Ando olhando o mundo e não consigo ser tal qual os meus semelhantes, como se eu não tivesse a capacidade de me socializar, de me incorporar e aceitar meu próprio estado de espécie aborrecida, busquei e me perdi em filosofias...há filosofias vãs, inúteis e amargurantes filosofias, quem me dera não mais questionar e apenas entender... Está no meio de todos e me sentir tal qual como eles! AUTOR: JB

Marginalização VI

Carrego comigo o fardo do terrível. Daquela coisa incompleta, daquele sentimento inconcebível à muitos, carga de dores e temeridade, como um cão que foi acuado e está prestes a ser espancado, humilhado e abandonado. Carrego as dores do mundo, o espaço infinito de sensações grotescas e sentimentos imperfeitos. Como aquela coisa que se vê em um déjà vu apenas. Sobra-me a sombra de uma coisa da qual não sei explicar, essa sombra da qual me diz e que não consigo decifrar, por não conseguir obter o máximo do espaço e do tempo limitado ao meu ser. Carrego apenas a triste constatação de que haveria sim alguma coisa, coisa que estarei sempre fadado a não conhecer, nem tão pouco experienciar, tal qual um peixe dentro d’água, que um dia pensou que estava vivendo como seres rastejantes. AUTOR:JB

Marginalização V

Todas as vezes em que chego no meu emprego eu penso -  o que é que eu estou fazendo aqui?  - não é questão de trabalhar em ambiente insalubre, longe disso, também não diz respeito ao colegas, ou os que estão em minha volta, a questão é simplesmente que estou fazendo o que todos fazem, diante disso tudo que nos foi imposto e nos foi colocado goela abaixo, obrigando uns cem números de pessoas a ficarem como todo mundo, correndo atrás do próprio rabo como um cão danado, buscando ganhar mais para consumir mais, produzir para precisar sempre e cada vez mais ficamos com o pesadelo diário de que nada é necessariamente suficiente para nos. Agora buscamos relacionamento onde o outro precisa ter, antes de tudo, antes do tesão, antes do amor, antes da afinidade, uma boa conta bancária, ou pelo menos com uma boa perspectiva dela, isso é que fala mais alto, agora queremos os empregos que pagam mais, não tem mais nada haver com talento ou vocação, que isso vá as favas. Educamos nossos filhos para

Marginalização IV

" A roda gira mas o hamster está morto!" . Final de ano e os grandes centros, onde estão as grandes lojas e shopping center parecem um formigueiro humano. São as festas, as comemorações, as confraternizações, os votos de felicidades e prosperidade que parece acender alguma coisa que chamam de espírito natalino, ou sei lá o quê? Final de ano e a única coisa que sinto é o que sinto o ano inteiro, um asco diante das festas, onde nunca estou entregue totalmente, nunca estou livre, estou sempre travado, como se não pertencesse a isso tudo, ou ainda, que nada disso eu fizesse parte. Eu só queria mesmo é está em meu antro que eu mesmo criei, observando apenas, como um preguiçoso telespectador deitado no sofá, entendiado com a programação que só lhe causa sonolência. Final de ano e minha caixa de email está abarrotada de mensagens singelas dos colegas, da mensagens pretenciosas do comercio e suas planfetagens, das mensagens dos meus chefes esdrúxulos. Eu já estava de saco cheio d

Marginalização III

Hoje sinto orgulho de dizer que sou inumano, que não pertenço a homens e governos, que nada tenho a ver com a maquinaria rangente da humanidade - eu pertenço à terra! [...] Lado a lado com a espécie humana corre outra raça de seres, os inumanos, a raça de artistas que, inicitados por desconhecidos impulsos, tomam a massa sem vida da humanidade e, pela febre e pelo fermento com que a impregnam, transforma a massa úmida em pão, e pão em vinho, e o vinho em canção. Do composto morto e da escória inerte criam uma canção que contagia. Vejo esta outra raça de indivíduos esquadrinhando o universo, virando tudo de cabeça para baixo, e os pés sempre se movendo em sangue e lágrima, as mãos sempre vazias, sempre se estendendo na tentativa de agarrar o além, o deus inatingível: matando tudo ao seu alcance a fim de acalmar o monstro que lhe corroi as entranhas [...] E tudo quando fique aquém desse aterrorizador espetáculo, tudo quanto seja menos sobressaltante, menos terrificante, menos louco, me

Marginalização

Em sociologia, marginalização é o processo social de se tornar ou ser tornado marginal (relegar ou confinar a uma condição social inferior, à beira ou à  margem da sociedade ). Ser marginalizado significa estar separado do resto da  sociedade , forçado ou por vontade própria, a ocupar as beiras ou as  margens  e a não estar no centro das coisas.

Marginalização II

"Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco. Há no ar um certo queixume sem razões muito claras. Converso com homens e mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todos com profissão, marido, esposa, filhos, saúde, e ainda assim trazem dentro deles um não-sei-o-quê perturbador, algo que os incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso? Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: "Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento" . Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligado na grama do vizinho. As festas em outros apartamen

Marginalização I

AUTOR: Martin Page - Livro: Como me tornei um estúpido. “Há pessoas para quem as melhores coisas não funcionam. Elas podem estar vestidas com uma roupa de caxemira, que terão sempre a aparência de mendigos; podem ser ricas, mas serão endividadas; ser grandes, mas nulidades no basquete. Eu hoje me dou conta de que pertenço à espécie das que não conseguem beneficiar-se das suas vantagens, aquelas para quem tais vantagens chegam a ser inconvenientes. [...]A inteligência é um erro da evolução. No tempo dos primeiros homens pré-históricos, posso imaginar perfeitamente bem, no seio de uma pequena tribo, todos os meninos correndo no mato, perseguindo os lagartos, colhendo bagas para o jantar; e pouco a pouco, em contato com adultos, aprendendo a ser homens e mulheres completos: caçadores, coletores, pescadores, curtidores... Mas, olhando mais atentamente a vida desta tribo, percebe-se que algumas crianças não participam das atividades do grupo: elas permanecem perto do fogo, protegidas