Marginalização IV


"A roda gira mas o hamster está morto!". Final de ano e os grandes centros, onde estão as grandes lojas e shopping center parecem um formigueiro humano. São as festas, as comemorações, as confraternizações, os votos de felicidades e prosperidade que parece acender alguma coisa que chamam de espírito natalino, ou sei lá o quê? Final de ano e a única coisa que sinto é o que sinto o ano inteiro, um asco diante das festas, onde nunca estou entregue totalmente, nunca estou livre, estou sempre travado, como se não pertencesse a isso tudo, ou ainda, que nada disso eu fizesse parte. Eu só queria mesmo é está em meu antro que eu mesmo criei, observando apenas, como um preguiçoso telespectador deitado no sofá, entendiado com a programação que só lhe causa sonolência.
Final de ano e minha caixa de email está abarrotada de mensagens singelas dos colegas, da mensagens pretenciosas do comercio e suas planfetagens, das mensagens dos meus chefes esdrúxulos. Eu já estava de saco cheio diante de tantas confraternizações... Aquele almoço era apenas para a gerencia e coordenação. Dava para perceber do início ao fim certa repulsa de todos, como se tivessem coisa melhor para fazer do que está junto com todos, como se fossem grandes amigos. Mas a carne estava boa e o chope estava gelado. Eu já olhava para o relógio como se esperasse um milagre, o tempo passaria tal qual um sono em final de tarde. Noto que quando você deseja muito uma coisa, ela nem sempre vem de forma fácil, nem por milagres, eles simplesmente não existem. Há o tal amigo oculto, aquela coisa fastidiosa e enfadonha de troca de presentes, eu deixei a muito de participar deles. Por um momento pensei na apresentação que eu deveria fazer a alguns daqueles da turma, mas disso esqueço rápido, o pensamento não se sustenta ao terceiro gole, alguns mais próximos se aproximam, como se procurassem um cúmplice daquela triste convenção, o coordenador fala algo, todos abrem o sorriso, até eu, abro outro sorriso mais alegre quando penso que nem havia ouvido direito o que ele falou. Meu cúmplice parece entender e cai na gargalhada. Começamos a sorrir como bobos, o efeito do chope já é notório, alguns falam alto, outros muito alto, outro já gritam e fazem piadas com o garçon. Já espero os tapinhas nas costas, o feliz natal, o ano novo, a merda toda! Comprimento também esperando não ser necessária minha presença no próximo ano ali.
AUTOR: JB

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